sábado, abril 10, 2010

"PÁGINAS VIRADAS"


Vejo as pessoas passarem pela vitrine da loja o tempo todo de todos os dias. Passam rápido olhando, passam sem olhar, passam sem parar ou passam parando, falando no celular, carregando compras, crianças, carteiras, bolsas, carregando seus dias na mão e as responsabilidades estampadas no rosto.
Eu só observo e me pego a pensar de que cada uma delas carregam suas vidas nas costas e nas mãos. Suas roupas e pertences, documentos, compromissos, filhos, dinheiro e a esperança de que suas necessidades sejam sanadas com o tempo em que caminham ou que fazem compras. Vejo-as tristes, curiosas, zangadas ou amedrontadas numa variedade tamanha que me foge da compreensão imediata e de talvez uma maneira de encontrar um padrão, uma razão de se entender os porquês de cada uma delas.
Penso, que sou meio louco por pensar tanto sobre isso, mas as particularidades de cada uma das milhares de pessoas que me passam diante a vitrine me aguçam a curiosidade quanto aos seus modos, os acontecimentos, experiências, suas idas e vindas. Todas têm uma historia, todas já sofreram, todas tem ou já tiveram um grande amor que lhes fez bem ou ainda faz, se o mesmo não acabou... Vejo casados de cara virada, namorados se abraçando ou casais com laços fortes de carinho estampado no rosto independente de quão duradouro o seja... Seus filhos correndo ou sentados nos carrinhos, crianças chorando sozinhas no corredor, muitas compras, alimentos e presentes, gente que grita, gente estranha, atitudes e preferências um tanto diferentes. 
O que será que cada uma dessas pessoas já deva ter passado na vida, todas as experiências acumuladas que passam diante dos meus olhos todos os dias, o tanto que eu não poderia aprender com elas se por um instante pudéssemos trocar confidências.
São pessoas que me deixam curioso, mas sei que a maior das probabilidades é de que eu nunca mais venha a vê-los na minha vida e de que nunca saiba realmente quais são suas particularidades. Tenho sede de conhecimento de vida, mas percebo que hei de me conformar de que todos os meus dias, terei de virar as páginas para o que se passou e esperar ancioso e esperançoso de que a próxima página me traga ainda mais satisfações do que as que se passaram, ou eventualmente se perderam.
Vou me agarrar ás palavras de cada uma destas páginas e me ater o maior tempo possível em querer prolongar a jornada de leitura, mas para isso devo esperar a receptividade da minha mente ás maravilhas que estas páginas possam vir a me proporcionar, sejam elas amarelas ou com cheiro de papel novo.

Cada página uma pessoa, cada leitura um tempo, cada palavra uma situação cada frase, uma esperança.

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