quinta-feira, outubro 21, 2010

"LACUNA"




Me pergunto se alguém nesse mundão que não para de acontecer, continuar, criar e girar pensa neste exato instante como eu... Se sente um vazio de solidão e abandono no peito, se sofre com proporções únicas e não consegue encontrar um acalento pra esse desespero tão particular.
Sentimento de vazio incompreensível, de verdade não contada, de missiva não mandado. Não é miúdo, mas é de minúncias tão grandes que a verdade fica acobertada pelo mistério, é uma mixórdia, uma bagunça enorme nos neurônios. A massa cinzenta chega ao limite antes de pifar de vez ... Não dá pra epigrafar essa zorra que me toma.
Tenho um desejo avassalador de ter uma epifania para compreender a a letargia em que me encontro por me fadigar tanto em tentar encontrar minhas verdades... Eu era lépido para encontrá-las, mas também vá lá, era tudo mais simples... Era novo, sem conhecimento das profundidades obtusas e contraditórias da vida. Por um tempo, criei uma constante obsessão em me aprofundar nas poucas verdades de que conhecia, em me ocupar em conhecer pessoas e sentimentos. Pobre aprendiz da vida... Me dou conta hoje de que ocasionei meu próprio pelejo atual em não ter calculado antes que pouco sabia.
Deixei gravíssimas lacunas em aberto no passado, e hoje percebo que me sobrou pouco fôlego na ânsia de acumular experiências que tive. Acumulei sim, conheço a existência mas não a profundidade... Eu renunciei cedo á algumas delas, Covarde! Tolo!
Eu poderia ter aprendido mais, trilhado um caminho prolixo ao invés do fácil em que orgulhosamente acreditei ser suficiente. Nobre humildade, esquecida nos momentos mais importantes, nos sutis desfechos que a vida nos traz em que parecem não haver grandes fardos em optar por um ou outro. Terrível orgulho momentâneo que me tomou nas escolhas, acreditar que sabia, que poderia, que nada temeria, que tudo conhecia.
Um aprendiz tolo, apaixonado e alfinetado por pequeninas opções que hoje me pesam experiências amarguradas. Saber que nada sei... Renunciar ás velhas escolhas e me tomar de esperanças aos novos horizontes? Não... Jamais me desvincularei.
São lacunas que vou preencher, mas com o que vier á frente, poderoso, imortal.




Eu sou prosélito de meu próprio sistema de enxergar o mundo, fiel á ele, doutrinador dele.
Ele, eu, tudo, nada, contraditório, complexo, orgulhoso e humilde, sem saber, esperançoso de que seja o que vier sem ter de esperar que o que seja será... Confuso?

Não... Apenas um sério prospecto de vida, filosofar &  amar.


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