segunda-feira, maio 09, 2011

Poema 4 de Pablo Neruda

Eis que manha chega de tempestade


em um coração do verão.


Como alvos lenços de adeus passeiam as nuvens,


e o vento os sacode com suas mãos andarilhas.


Incontável coração do vento


batendo sobre nosso silencio enamorado.


Zumbindo entre as árvores, orquestrais e divinas,

como uma língua cheia de guerras e de cantos.

Vento que leva num rápido surrupio a folhagem


e desvia as flechas latentes dos pássaros.

Vento que a derruba em onda sem espumas

e sustâncias sem peso, e fogos inclinados.

Se irromper e se submerge seu volume de beijos


combatido na porta do vento de verão.


 


Poema 4 - Pablo Neruda

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