segunda-feira, setembro 13, 2010

"NOVOS E VELHOS CICLOS"



Recebo de volta uma percepção que tenho em momentos muito peculiares pelos quais passei, a ideologia de que a vida é um ciclo, como uma escada em espiral, toda igual mas que durante seu percurso possui varias portas que a interrompem e levam á uma nova escada (sucessivamente).
Imaginem que temos fases naturais como seres humanos. Nós nascemos, crescemos, aprendemos, passamos pela adolescência e por fim nos tornamos adultos... Mas se por espécie e gênero somos todos iguais, por que nos diferimos todos e tanto?
Acredito o "porque" seja as situações de vida que passamos... Nem mesmo irmão gêmeos passam pelas mesmas coisas, ao mesmo tempo, todo o tempo (sakas?). Vejo que um estará á direita e outro á esquerda, mesmo que as roupas sejam iguais não são o mesmo tecido, que seus pratos possam ser parecidos, mas o que estão comendo não é o mesmo aos dois, talvez apenas uma parte de um todo anterior.
Pode haver um buraco na esquerda, ou na direita durante o caminho que trilham, a roupa de um pode causar alergia, a comida do prato pode lhe causar indigestão... E é aí que o acaso vai agir... Um passará pela situação e o outro não, um se diferenciará do outro. Usando de uma analogia que agora escrita me parece um pouco babaca, mas que foi talvez o melhor exemplo que pude bolar neste instante pra me expressar, nós somos quem e o que somos porque algo nos fez assim... Algo, nada e tudo simultâneamente são as razões com que me fazem acreditar que somos feitos de ciclos (escadas), que se repetem e que a cada nova repetição vêm a nos abrir uma alternativa natural (portas) para a situação que já temos conhecimento, nos abrindo um horizonte indisvendável se for ali que resolvamos escolher (nova escada).
Eu estou vagarosamente me tornando quem era antes do acidente de 2007, onde resolvi dar um basta e mudar minha vida, meus modos e minhas escolhas. Tirei os brincos, me afastei de meus amigos, parei de beber e fumar e me foquei em algo grandioso (vestibular... Mas vá lá, era o meu desfecho na época), um desfecho para minha vida... Nada mais natural seria do que já ter este foco antes do acontecimento, mas acho que naquele momento havia sido crucial. Eu mudei, me adaptei e me transformei em alguém tão sério que não consegui mais me desvincular disso... Não conseguia mais me libertar da escolha que tinha feito, talvez não conscientemente no meu dia a dia, mas claro que sentia o gostinho da minha liberdade em algumas raras ocasiões, onde usando de meu hedonismo não mudara (Graças!).
O ciclo que passei nestes ultimos dois meses foi uma sucessão, um "dejavu" dos ultimos dois anos, o desfecho do acidente, o fim dos relacionamentos... Acho que vislumbrei nesta ultima semana em Brasília (Ah... Saudosa Brasília!) uma brecha para retornar a me libertar de mim mesmo, dos meus próprios fantasmas e das limitações á algumas situações das quais eu mesmo havia me imposto.
Não deixarei jamais de lado tudo o que aprendi com as pessoas e comigo mesmo desde minha escolha em mudar e em amadurecer, mas percebo que nestes últimos dias eu escolhi o sentido novo e alternativo deste ciclo que se repete, não porque eu realmente gostaria só de me "libertar", mas porque eu precisava novamente me adaptar, amadurecer. 
É necessário agora (em meu íntimo) acreditar que é preciso ser menos sério, deixar de tomar todas as dores e assumir responsabilidades com todas as minhas forças e dando o meu sangue, acho que preciso me preocupar menos, sofrer menos por isso, porque no fim, eu não sou nada mais do que um jovem, um simples universitário e não um pai de família com inúmeros fardos pesados nas costas... Não... Eu terei a hora para isso, saberei agir quando for para ser. Agora acredito que eu deva me reservar o direito de errar, sem pudores e cobranças pois se é pra aprender a ser o melhor, até lá, eu devo poder sem sofrer.
Eu quero mais é viver mesmo meus amores, participar de novo das festas, rir, trakinar e fazer palhaçadas, andar pelas ruas sozinho de madrugada e pensar com cuidado sobre "do que será o meu amanhã?" sem que a iminência do momento e a presença da dúvida me façam sofrer por antecedência.
Sem papas na língua nem mais me segurar eu abro de novo a mente pra esse novo/velho cara que vos escreve onde saudosas sejam as situações absolutamente amalucadas e inacreditáveis que já fui autor e causa e que sejam então as novas, deste novo ciclo, ainda mais ousadas "sem limites" para errar, viver e aprender.

Porque no fim, seria eu um homem completo sem histórias para contar?

Não, acho que não... Eu seria vazio, amargurado, limitado apenas até onde somente acertei, não seria eu, de alma e coração a ousadia que deliciosamente me atrevo a ser.

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