Eu assisti à pouco na TV Cultura, um documentário do cotidiano de famílias Mongóis que criam dromedários no deserto de Gobi. Nesta família, existem oferendas semanais para os espíritos da natureza que os protegem de doenças, em que colocam grandes pratos da pouco comida que tem á apodrecendo no deserto por uma crença, uma esperança de saúde e fartura. Eles são conhecidos por serem um povo minimalista de valores simples e muito pobres, mas são um povo simplório e de muita fé. Seu trabalho é cuidar para que a dromedário da família que teve dois dias de parto, não rejeite o filhote pois este, diferente de todos os outros, é branco. A luta é diária para que o filhote se alimente do leite e que consigam com que a mãe se acostume com ele.
Ao fim da semana, eles fazem um ritual musical de “conciliação” que parece ser bem sucedido, pois todos comemoram dentro da tenda (casa principal) com uma enorme tijela de leite de dromedário (o único alimento á disposição nestes dias). O clímax do documentário é quando um grupo de nômades mercadores chegam perto da tenda da família com alguns poucos objetos para vender: Dois carrinhos de brinquedo, um despertador e 3 latas que parecem ser de cerveja abertas, improvisando um local para armazenar limonada.
Fiquei surpreso... Claro que temos uma vaga noção de que existem culturas e povos que vivem com recursos limitados em comparação para com os nossos. Agora, é incrível, sabemos que estes povos existem, que sofrem de pobreza, mas como não temos sequer noção de tamanha carência que sofrem, nós nos acostumamos com a fartura e um pouco de mesquinharia. Sei que existem povos que sofrem de uma escassez ainda maior do que a deles, mas me espantou a felicidade do menino ao ver um despertador e dois carrinhos de plástico. Tão comum para mim, tão ‘obsoleto”, e ultrapassado para nós. Valores tão simples, ao reunir todos para cantar ao fim do dia na tenda... O sorriso do pequeno garoto que ganhou dois carrinhos...Tímido, raro.
Me sinto privilegiado pelo mundo que me rodeia, pelos recursos que temos e pelas pessoas que me cercam. Eu admiro, de verdade estas pessoas, não porque aos meus olhos elas “sofram”, mas porque elas encontram maneiras de ser feliz ao meio de tantos sofrimentos e carências, encontram a simplicidade em ser feliz e a felicidade em ser simples, verdadeiros Heróis.
Pelas diferenças, pelas singularidades de cada uma das pessoas de cada povo e cultura... Pela Humanidade sem rótulos.
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