Primeira regra para aprender:
A ROUPA DE CAMA E A LOUÇA NÃO SE LAVAM SOZINHAS.
"Deliciosamente cansativa", é como me refiro à essa odisseia de morar sozinho. Tem uma infinidade interminável de novas leis para se aprender no primeiro dia, simplesmente "vomitadas" em cima de você e pode acreditar, que se não se adaptar logo á elas, você vai sofrer pra caramba!
A gente aprende que pentelho em cima do ralo do chuveiro é uma realidade grotesca e desconcertante (eles realmente existem!), descobre que a casa não se limpa sozinha e que desesperadamente, ela tem de ser desinfetada antes que entre em estado de calamidade pública e seja interditada permanentemente pelo estado putrefado dos alimentos esquecidos no fundo do armário em cultura biológica de fungos (normalmente trocados por pizza e lanches do MC') ou daquele cesto escroto de papel usado do banheiro (blé!).
A gente descobre que dá pra passar alguns dias comendo sardinha e ovo cozido sem passar fome e que, se nada restar, sempre teremos um Tang no fundo da gaveta. A geladeira ás vezes é um adorno de refrigerar ar, ou se muito, contém um velho ketchup, alho triturado e queijo mofado. Você aprende e guarda na cabeça qual é o preço do detergente e do saco de arroz mais barato, quantos ovos dá pra comprar com alguns poucos reais, que é mais barato comprar pão de forma do que pão francês, que coca cola, presunto e queijo são artigos de luxo e que é razoavelmente possivel mendigar por um bife de alguém, além de descobrir que tudo o que vem de "potão", "litrão" ou com o slogan "pague x e leve y" compensam mais, independente se é de uma marca fuleira da qual você desconhece maiores detalhes.
Frutas e legumes? Só se você já tiver comprado o essencial para os dias de perrengue e fome... São o bônus de quem realmente gosta de comê-los, porque senão, o negócio é investir em mais miojo e ovo! (Hahahaha!).
A mais triste das realidades é que as roupas acumulam e não vão voluntariamente se colocando dentro da máquina, se pendurando o varal para gentilmente pararam de ocupar espaço e mofarem.
As toalhas precisam ser lavadas, SEMPRE.
De repente a gente percebe que existem ratos e baratas no mundo e que se a louça não for lavada conquanto se fechem as portas e gavetas, podemos encontrar um surpresa desagradável. Aprendemos que o preço de um balde é inferior á R$ 1,00 e que ás vezes é mais fácil descartá-los com todo o conteúdo de dentro do que se atrever a ver suas mãos corroídas com o que quer que esteja cheirando mal.
Descobrimos que em uma república papel higiênico e garrafa de água potável são mais valiosas que jóias e que se não tivermos cuidado com o local onde os estocamos, podemos perder parte de nossas riquezas (já que nem sempre o parceiro tá no seu estado habitual).
Aprendemos a montar estratégias de guerra para matar os RATOS que aparecem e, que mesmo com a estratégia travada, sofremos graves baixas quanto aos (de duvidosa masculinidade) integrantes da casa.
Descobrimos liberdades para com os amigos, ficantes, pretenders e namoradas... Temos nossos quartos, nossas intimidades e que mesmo com alguns caras cortando o barato ao chegar de madrugada bêbados e quase quebrarem as portas do seus quartos na testa (Valeu Bruno), a vida continua, e a aventura também.
As leis a que me refiro são as de tratamento em repúblicas... Morar sozinho, literalmente, é um pouco menos complicado, mas muito menos divertido. Não dá pra saber o que esperar de todas as pessoas da casa quando estamos em República, mas pode crer, no fim tudo acaba em risada.
Toda casa tem um babaca, um sossegado, um poeta, um cínico, um "mestre", um cara com humor negro e ácido e uma penca de agregados ainda mais afortunados quanto ás suas tão particulares qualidades. Conviver com novas pessoas de diferentes criações é ás vezes uma batalha constante em uma linha tênue entre a guerra, o caos total, o paraíso e o purgatório e, pode crer... Eu sei disso, moro com o Murilo (ao menos agora em 2010).
Tenho plena e absoluta certeza de que não escrevi absolutamente nada do que poderia e desejaria sobre o enriquecido mundo badalado e conturbado que é o desta vida de morar sozinho, mas me felicito em parar aqui, com pobres detalhes, muitos flashes particulares de momentos e boas gargalhadas quanto á cada situação lembrada... Boa.
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