terça-feira, janeiro 04, 2011

"MANIFESTO"




Agora á pouco após dar banho em minha cadela fui tomar meu próprio, mas parei no ato.
Fiquei me perguntando embaixo d'água o porque eu posso tomar banho na água quente e ela não... Bom, em respeito a ela desliguei o chuveiro e daí pra frente me peguei em pensar do quanto tratamos os iguais igualmente e os desiguais desigualmente. Claro que o mundo é muito amplo para que haja uma generalização de idéias, mas para a grande maioria dos quais cabe o poder de proporcionar as facilidades aos "desiguais", não o fazem por respeito em proporcionar meios para a igualdade e sim por piedade (baseio isto no que ouço dos órgãos de prefeituras).
Na minha mais particular percepção não somos nós que devemos nos adaptar a eles e sim eles quem tem de se adaptar com o mundo, claro que se lhes for proporcionado o mínimo necessário para isso, porque humano de verdade é esperar (e torcer) pela adaptação, superação e esforço dos deficientes (no seu caso). São pessoas tão capazes quanto os que não a têm, esta que teoricamente poderia vir a lhes limitar em alguns pontos. 
Desde criança por exemplo, conheço um nobre homem que tem síndrome de down (um salve pra você Lu!) que cresceu sendo orientado pelos pais a se exercitar físico e mentalmente, vindo a exceder as expectativas mínimas de vida para os que possuem esta síndrome em muitos anos e podem crer, é mais saudável do que eu até hoje (com quase 40 anos).
Nós somos naturalmente seres que discriminam e diminuem o que nos é diferente do que nossas percepções associam com "comum". Dou experiência de causa com a escola, pois fui tanto mártir quanto martirizador. Eu me envergonho em dizer que já discriminei, pratiquei bulling quando criança, tanto quanto ao mesmo tempo fui vítima dele. Crianças já tem natureza perversa umas com as outras então, imaginem vocês os adultos que elas vêm a se tornar.
Vejo constantemente como matéria de revistas as discriminações naturais que exercemos em todos os ambientes, sejam nos escritórios (onde tenho lido á anos que mulheres e pretos - usarei esta expressão pois NEGRO é policamente incorreto. Ou senão eu estaria discriminando a pessoa de cor preta da de cor amarela, vermelha, branca, etc .-  ganham menos do que homens brancos), nas pesquisas de pobreza e analfabetismo (onde é discriminada a cor do indivíduo e que a maior taxa é de pretos), nas escolas (onde no ensino superior é preciso que sejam criadas cotas para pretos pobres, o que parece dar a entender que preto e pobre é burro - Fala sério!), etc.
Nós temos exercido as diferenças desde sempre, onde as mulheres, as pessoas de cores diferentes do caucasiano e analfabetos/pobres são diminuidas perante o restante perfeitinho e intocável da população... Mas peraí, não pregam que todos são iguais perante a lei (tá, isso é recente) ou que aos olhos de Deus todos são iguais?! Iguais o escambau!!
Foi a mesma igreja que diz isso a criadora de capelas distintas para escravos e senhores, que impunha a adoção desta religião, somos nós as mesmas pessoas filhas deste mesmo Deus quem separamos os lugares de brancos e pretos, que escravizávamos os povos indígenas e africanos.
Se fosse preciso dar um alerta através do tempo, das cotas e das revistas hoje, já está mais do que na hora do apelo á igualdade de cores, opções e deficiências ser exercida. Eu me sinto enojado ás vezes em ser humano, em pensar que aquém do tom de brincadeira deste tema, existir uma realidade manchada e absolutamente pútrida que nós mesmos criamos e sustentamos através do tempo.
Temos todos nós uma parcela de culpa, independente da nossa cor, se temos opções religiosa ou sexual controvérsa ao que os costumes chamam de "normal" ou se possuímos alguma deficiência.
Não é porque eu sou o dono da minha cadela que eu posso mais. Acho que exatamente por ela não ser eu eu deva proporcionar o melhor (não dei banho quente pq ia sujar a casa que a diarista limpou HOJE!) e se não puder, que seja o mesmo que eu venha a usar, porque no fim:




Somos nós quem sustentamos essa merda toda aí de desigualdade.

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