Sucessão de idéias, de pensamentos, de lembranças.
No momento, escrevo com o netbook da velinha no colo assistindo ao lado do meu pai sobre a história da aviação mundial, tomando vinho e comendo linguiça caseira.
O texto a seguir, tem a ver com a sucessão de lembranças que tenho ao me deliciar com o vinho e nossas artes culinárias caseiras; O vinho português, comprado em um exceleete restaurante especializado em bacalhoada á la portuguesa de Limeira, faz jus ao seu sabor ao lado da linguiça que fizemos ontem a noite (meu pai e eu) maestralmente em casa, temperando-o com noz-moscada, canela, pimenta calabresa, salsa e cebolinha, um composto caseiro de tempero inimaginavelmente gostoso e simples (segredo de família), aji-no-moto com carne de puro pernil suíno acompanhado com uma receita de molho de pimenta incrementado que aprendi em Salvador no ano passado.
Comendo este simples tira gosto, comecei a me lembrar de uma infinidade de detalhes sobre eu mesmo, meu pai e meu avô. Sobre o maior ascendente, desde sempre ouço minha mãe e ele próprio dizer que comeria até "sopa de pedra", sabendo disso que é um homem de aguçados sentidos culinários. Os mesmo que tão prazeirosamente herdei... Quanto ao meu pai, é um homem de paladar aguçado e de estômago previsível mas extremamente exigente... é preciso que exista carinho e temperos postos com sabedoria para agradá-lo.
Sou um consenso equilibrado entre ambos... Amo experimentar sabores e alquimizar temperos em pratos incrementados e variados... Me felicito em perceber a satisfação de minhas "cobaias" ao experimentar meus temperos, estes que nunca se repetem. Em seguida aos fatos, comecei a me lembrar de uma única vez em que junto ao meu fabuloso pai, experimentamos um almoço reba, em um lugar reba, mas que o tempero e a situação o fizeram ser o mais marcante e agradável almoço que já tive na minha vida, apenas meu pai e eu.
Fomos até São Carlos em meus tempos de vestibular para fazer a matrícula na FADISC - Sâo Carlos (minha opção segura, o "estepe") e beirando o horário de almoço, decidimos almoçar em um restaurante alguns quilômetros atrás do campo da UFSCAR, um restaurante de esquina extremamente simples que nos serviu o prato do dia, frango ensopado, arroz e salada.
Foi fabuloso aquele momento, apenas meu pai e eu, almoçando em um simples e duvidoso restaurante que servia uma saborosa refeição... Foi uma sucessão de lembranças e um grande desejo realizado. Explico:
Lembrei de minha mãe falando sobre o meu avô, e ele mesmo reforçando a idéia de que quando mais "reba" o lugar, mais saborosa seria a refeição. Lembrei-me também de meu pai dizendo com tom cômico de que lugares que servem saborosas refeições têm estes sabor pelos "micróbios" presentes na mesma, que não temos em casa. Quanto ao desejo?!
Ora, estávamos meu pai e eu, um homem e um jovem, o herói e o admirador, almoçando juntos num restaurante, correndo o risco de sofrer de uma tremenda diarréia, mas encarando com prazer o momento e a refeição.
Foi um fato que me marcou muito, tanto quanto o de comermos ostras em uma barraca de praia meu avô, minha bisavó e eu (Itanhaém) uns anos atrás, o que de fato resultou em diarréias (hahaha!), mas que nunca nos impediu, nenhum de nós a nos limitarmos a não provar um delicioso sabor, mesmo que duvidoso.
É como resumo o espetacular prazer de comer, de saborear qualquer alimento, seja ele caseiro, de um fast-food, de um caro restaurante ou de uma barraquinha nojenta da esquina. São sabores únicos, marcantes, absolutamente singulares tanto quanto as pessoas que os produzem.
Ah, o sabor!
:D